La Mafia: Capítulo 4- Me mate logo

         Eu não sabia o que esperar quando passasse por aquela porta. Eu podia ser recebida a diversos tiros, ou ser pega assim que passasse, mas não, haviam dois corredores vazios, segui minha intuição e fui para o esquerdo. Eu podia ouvi-los batendo na porta pelo de dentro, e alguns gritos do tal "Chefe". 


            Subi algumas escadas, era como se nós estivéssemos no subsolo de algum lugar. Quando eu me deparei com um homem caminhando ao fundo de um dos corredores, abri a primeira porta que eu encontrei, entrando logo em seguida. A fechei ficando com as costas prensada nela e respirei fundo, logo consegui tranca-la com a chave. Eu estava em uma sala com assoalho de madeira escura e extremamente brilhantes, paredes em um cinza escuro, quadros bonitos com acabamentos em dourado, uma mesa com alguns papéis. 

               Comecei a procurar alguma coisa, mas para ser sincera nem eu sabia exatamente o quê. Eu estava extremamente calma e controlada, mesmo sem saber como. Comecei a abrir as gavetas daquela mesa, achei um estilete e guardei na cintura entre a calça e a barriga. Havia uma segunda porta naquele cômodo, eu estava com receio de abrir, mesmo assim fiz. Era um banheiro, fui até a pia e lavei as mãos, fazendo uma concha com elas para beber água, quando levantei a cabeça pude ver meu reflexo no espelho, era deplorável, olheiras profundas e escuras, cabelo extremamente sujo e bagunçado, eu já não me reconhecia mais.

                Pensei que se eu permanecesse no mesmo ambiente, logo eles me achariam, eu precisava sair. Eu não tinha nenhum plano para executar caso eu conseguisse sair, acho que no fundo eu não acreditava que conseguiria. Destranquei a porta e cuidadosamente fui andando pelo corredor, eu estava no primeiro andar e era possível ver a luz do dia entrando por um enorme vidro que ia do chão ao teto, e foi uma das melhores sensações que eu senti a muito tempo. Virei para a direita, e estava em uma sala de estar, com grandes sofás brancos, várias decorações modernas e uma lareira. Eu olhava para todos os lados cuidadosamente, estava estranhando a calmaria, não era exatamente o que eu tinha imaginado. Andei até o final da sala, avistando o que possivelmente era o hall de entrada ao lado, pelos vidros ao lado da porta pude reparar dois homens parados em sua frente pelo lado de fora, eu teria que pensar muito bem em como sair daqui, provavelmente todas as saídas terão seguranças.

               Pude ouvir vozes atrás de mim, e me escondi abaixo de uma escada, ao lado de um aparador que ficava ali. Era ele.


-Ela ainda está na casa. Ninguém a viu a sair, reforcem todas as saídas, e tragam ela até mim.-Ele disse enquanto subia as escadas com mais dois homens. 


               Olhei para trás de mim, e havia uma cozinha, pensei em ir até lá e procurar algo melhor que um canivete de escritório, mas quando me levantei, pela janela da cozinha um homem passava e me avistou, ele me olhou e falou em um rádio, correndo. Eu não tinha outra opção a não ser ir para o segundo andar. Subi o mais rápido que pude as escadas, e quando parei no final dela, aquele homem já tinha cruzado a porta de entrada  e começou a vir até mim. Eu corri o mais rápido que pude, a casa era muito grande e haviam várias portas, tentei abrir uma e estava trancada, dobrei a esquerda no corredor, parando em uma sala vazia e logo a tranquei respirando de alívio, eu precisava pensar o mais rápido possível.

                Corri até o outro lado do cômodo até a janela, estava trancada, pensei em pegar algo pesado para tentar quebrar o vidro porém era muito alto, eu teria que arriscar. Comecei a analisar a sala pensando em alguma solução rápida, as paredes eram num azul royal, quadros muito bem posicionados, poltronas brancas e uma mesa de vidro com um computador e alguns papéis, olhei o porta-retrato sob a mesa, era uma foto do "Chefe", peguei uma decoração pesada que estava sob a mesa quando uma porta ao meu lado se abriu, era ele.

-Parece que eu te encontrei.-Ele disse vindo até mim, corri para a porta de saída mas ele me agarrou pela cintura e tapou a minha boca com um pano, logo senti minhas pernas amolecerem e tudo escureceu. 


...


            Tentei abrir meus olhos mas ainda não conseguia. Podia ouvir uma voz ao fundo, coloquei a mão sobre a cabeça que doía muito. Assim que consegui abrir os olhos eu estava sentada na poltrona branca daquela sala azul royal, a minha frente, estava ele. Eu estava muito tonta, e não sentia minhas pernas.


-O que você... Está fazendo...-Perguntei pausadamente, minha lingua enrolava, eu parecia estar bêbada ou algo assim. 

-Eu podia ter matado você.-Ele disse e bebeu um gole de whisky enquanto me olhava.

-E porque... Não matou de uma vez?-Pensei em tentar me levantar, mas seria uma decisão tola nesse momento.

-Não seria interessante.

-Interessante?

-Sim. Tenho outros planos pra você.-Ele disse e sorriu de lado. 

-Eu... Eu não vou te ajudar... Em nada... Eu não sou criminosa... Como você.-Falei e ele riu.

-Eu sei disso senhorita Rizzo. Não quero sua ajuda, quero sua obediência.-Ele disse então o encarei.

-Você... Matou o meu amigo, sem motivo algum... Eu odeio você.

-Tecnicamente senhorita Rizzo, não fui eu quem o matou, foi você, mas entendo sua raiva.-Tentei me levantar e ir em sua direção, mas falhei, então decidi permanecer sentada, minha vontade era de encher a cara dele de socos, mas eu não tinha força nem para sustentar as minhas pernas.

-COMO VOCÊ PODE DIZER ISSO?-Gritei.

-Se me permite te fazer um convite, gostaria de lhe convidar para jantar.-Ele disse e largou sua pistola na mesinha ao seu lado, pensei em pega-la, mas seria um erro absurdo, visto que, não sei nem segurar uma arma, logo bebeu mais um gole de seu whisky. 

-Eu não vou a lugar algum com você! Seu cretino desgraçado. Me mate logo.

-Não vou mata-la, gostaria de explicar o motivo para estar aqui, e o motivo para não ter a matado ainda.-Ele disse. Eu precisava saber, pelo Mateo.

-Tudo bem.

-Certo. Eu separei um quarto pra você, tem roupas e alguns itens lá. Tome um banho e se arrume.-Ele disse se levantando e colocando de volta a pistola na cintura e saiu.

              Logo veio um homem e me ajudou a levantar, me conduzindo para fora daquela sala e andando pelos corredores, paramos em uma porta e ele a abriu.

-Este é seu quarto.-Disse dando passagem para que eu entrasse. Eu passei muito tempo naquele porão, sem janelas, cama ou chuveiro, para esse desgraçado fazer isso agora. Adentrei o quarto e logo a porta atrás de mim se fechou e foi trancada. Eu continuava presa, porém de outra forma.

              O quarto era bonito e aconchegante, havia uma grande cama com cobre leito e almofadas beges, parecia confortável. Haviam algumas sacolas de lojas de grife, algumas caixas também. Fui em direção a porta onde provavelmente era o banheiro, assim que entrei comecei a me despir rapidamente, tudo que eu mais precisava era um banho. Quando liguei o chuveiro e senti a água quente escorrer pelo meu corpo, foi a melhor sensação da minha vida, meu corpo ia relaxando a cada gota de água, eu estava em completo êxtase com a sensação. O conforto e aconchego daquela água quente, a sensação de estar ficando limpa de dentro para fora, é como se todo o peso que eu sentia em minhas costas saísse a cada minuto. 

               Após um longo banho, saí me cobrindo com a toalha, fui até a cama e comecei a abrir as sacolas. Haviam alguns vestidos, escolhi um preto de alças finas, trançado nas costas que batia mais ou menos acima dos joelhos, na caixa havia dois saltos, coloquei um preto. Nas outras caixinhas haviam jóias e maquiagens, ele queria eu que eu me arrumasse, e assim faria. 

                Terminei passando o batom vermelho que realçava meus olhos esverdeados. Meu cabelo batia mais ou menos acima da cintura, um castanho claro bem liso, optei por deixá-lo solto e apenas joguei pro lado. Fiquei sentada próximo a janela observando a vista, não era Verona, eu conhecia cada detalhe daquela cidade, eu estava em algum outro lugar e não fazia idéia de onde. 

               Logo a porta foi destrancada e se abriu. Eram dois homens vestidos com ternos pretos. 


-Está pronta Senhorita Rizzo?-Perguntou um deles. Me levantei e fui até eles que me olhavam dos pés a cabeça. 


                Um deles me segurou pelo braço fortemente e foi me guiando até as escadas, descemos e atravessamos a porta. Eu senti o frescor da rua em meu rosto, eu pensei que sentiria isso quando finalmente estivesse livre, mas infelizmente não é o caso. Eles me colocaram em um carro de luxo preto de vidros escuros, e lá estava ele sentado de frente pra mim, o segurança fechou a porta e o carro arrancou. Ele não disse nenhuma palavra, apenas me olhava atentamente enquanto bebia algo. 

                 Eu tentava não ficar incomodada com os olhares dele sobre mim, olhava pela janela tentando indentificar onde eu estava, mas eu realmente não reconhecia aquele lugar. O carro parou e o motorista desceu abrindo a porta e me estendendo a mão para que eu descesse, assim fiz. 

                 Estávamos em um tipo de restaurante, no alto das montanhas, era linda a vista daqui. Não haviam outras pessoas. 


-Espero que se comporte, e que eu possa caminhar com você sem precisar segura-la.-Ele disse no meu ouvido ao meu lado. Assenti com a cabeça e começamos a caminhar. 


                Quando chegamos a mesa ele puxou a cadeira para que eu sentasse e se sentou a minha frente. Eramos as únicas pessoas naquele lugar.


-Senhor Caccini, boa noite.-Disse o garçom quando se aproximou da mesa entregando o cardápio. Caccini? 

-Obrigado. 


                Ele ficou observando o cardápio e chamou o garçom novamente. Fez o pedido mas eu não consegui compreender o que era. Logo o garçom voltou com um vinho e deixou sob a mesa.

                Ele serviu a minha taça, em seguida servindo a sua. Eu estava em silêncio apenas observando tudo.  

-Confesso que foi inteligente da sua parte utilizar a Elisa como distração.-Ele disse bebendo um gole de seu vinho.

-Eu não imaginava que você iria até lá, afinal, quem cuida de tudo são as pessoas que trabalham pra você.-Falei o olhando e bebi. 

-Por se tratar da Elisa, eu mesmo quis ir.

-Caccini... Esse não é um sobrenome comum.-Disse esperando uma resposta que explicasse quem ele é.

-Rizzo também não.-Ele disse de forma provocativa.

-O que você quer exatamente? Até ontem eu estava presa abaixo dos seus pés, nas piores condições possíveis. Agora estou aqui sentada bebendo um vinho caro, usando um vestido de grife de frente pra você.-Ele bebeu um gole de vinho e sorriu. Logo acendeu um cigarro.

-Você é importante Senhorita Rizzo. 

-Por que seria?

-Porque você vai ter uma utilidade muito grande para os meus negócios.-Ele disse apagando o cigarro no cinzeiro. Logo o garçom veio trazer os pratos.

-Eu não sou um objeto para ter utilidades.-Falei com a testa franzida. 

-Não exatamente. Mas você ainda não compreende que para mim, tens mais valor viva do que morta.-Eu ainda não consigo compreender esse valor que ele diz que eu tenho, mas se isso irá me manter viva é o que importa. 

-Você disse que iria me dizer o porquê nos sequestrou.

-Não ficou claro pra você? Que foi pelas fotos que tirou no cais?-Ele respondeu enquanto dava uma garfada na comida, elegantemente. Olhei intrigada.

-Eu perdi o meu amigo por fotos?-Falei indignada. 

-Eu perdi meu irmão por causa daquelas fotos, Senhorita Rizzo. Sinto muito pelo seu amigo, são consequências.-Consequências? Eu sentia nojo de cada palavra que esse filho da puta falava.

-Sinceramente não sei o que eu e Matt temos haver com isso. 


CACCINI POV


             Eu não me cansava de admira-la e ver a mulher que se tornou. Martina tem um olhar penetrante e forte, uma boca maravilhosa, e suas curvas... Suas curvas me deixam louco.

              Não se parece nada com a menina que Otto mostrava nas fotos, nunca tive a oportunidade de vê-la pessoalmente, visto que ele era extremamente protetor. 


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