La Mafia: Capítulo 1- A Casa de Julieta.

         


           Já tinham se passado horas, entre os flashs da camêra e os retoques na maquiagem, alguns grampos no cabelo para que o penteado das modelos permanecessem perfeitos e intactos. 


-Essa ficou incrível!-Disse meu assistente Mateo, olhando enquanto eu movia os arquivos da camêra para o notbook. 


            Fazem alguns anos que eu trabalho como fotografa, mesmo trabalhando a maior parte do tempo com meninas que tem o sonho de ser modelo, eu prefiro mil vezes fotografar as paisagens peculiares de Verona, onde morei minha vida inteira. 

            É uma linda cidade da Itália, conhecida por ser romântica e turística, já que foi aqui que morou Julieta, e acarretou no clássico romance de Shakespeare "Romeu e Julieta". Hoje em dia a casa dela é visitada por milhares de pessoas que decidem passar as férias em Verona. Meu irmão é um guia turístico, e trabalha a mais de 10 anos na area, não há nada de novo para conhecer aqui pra mim, o que torna tudo monótono e entediante. 

             A ambição de viajar para outros lugares, provar outras culinárias, ver novas paisagens (e obviamente carregar a minha camêra para todos os cantos) é o que me move a continuar trabalhando incansavelmente. É estranho você almejar sair da cidade que todos pagam para conhecer.  

              Após guardar meus equipamentos em seus devidos lugares e fechar o estúdio, fui andando com Mateo até a minha casa enquanto ele comentava sobre algum rapaz que o convidou pra jantar e o quão empolgado ele estava por isso.


-Oi Martina, desculpa não avisar que viria pra cá hoje, espero que não se incomode.-Disse Sara assim que cruzei a porta. Ela é namorada do meu irmão a uns meses. 

-Tudo bem Sara, nunca volto acompanhada pra casa.-Rimos. Ela estava cozinhando algo, frenética com várias panelas ligadas.

-Estou preparando o jantar, não se preocupe.


                Larguei minha bolsa sobre o sofá, e fui em direção ao meu quarto. Retirei as botas que apertaram meus pés o dia inteiro e decidi tomar um banho. 

                 Após a morte do meu pai, eu e meu irmão continuamos com a casa que era da familia, e decidimos que moraríamos juntos até que um dos dois decidisse casar, bom, ele está sempre mais perto disso do que eu. Não é algo que está nos meus planos, visto que na minha visão de futuro há apenas eu, uma bela taça de vinho observando a vista de algum lugar longe daqui.

                  Logo que Pietro chegou, nos sentamos á mesa para jantar. Ele contou como foi seu dia, e perguntou se eu gostaria de ir com ele amanhã, no meu tempo livre a tarde.


-Sinceramente Pietro, eu já vi cada canto dessa cidade.-Disse bebendo água enquanto ele lavava a louça.

-Não é por ter visto ou não Tina, é porque você não faz nada além de trabalhar, aproveita que tem poucos trabalhos amanhã pra fazer coisas diferentes. 

-Ou podemos ir comer em algum lugar a noite, o que acha?-Sugeriu Sara.

-Até pode ser...


...


                 Após uma longa noite de sono levantei cedo para trabalhar. Hoje vou fotografar a dona de uma empresa super conhecida na cidade, vou diretamente lá fotografa-la. Passei no estudio para pegar os equipamentos e dirigi até lá. Mateo ficou responsável pelas edições e seleções das fotos que foram tiradas ontem.

                 Quando terminei o trabalho com a empresária, fui para o estudio almoçar e começar a seleção das fotos dela, Mateo sempre compra marmitas pra nós comermos enquanto trabalhamos. Coloquei o notbook na mesa próximo a janela, e comecei a olhar com atenção cada foto enquanto dava uma garfada ou outra na comida, as vezes admirava o movimento das ruas. Um senhor de meia idade adentrou a porta, Mateo foi atendê-lo. 


-Tina, preciso de você aqui.-Chamou-me. Me levantei e fui até eles.-Esse senhor precisa de um serviço específico.

-Olha, já adianto que cobertura para casamentos ou festas muito grandes o valor é bem mais alto e...

-Não moça, não é nada disso.-Interrompeu-me. 

-Sobre o que se trata então?-Perguntei cruzando os braços na altura do peito.

-Poderíamos conversar em particular?-Arqueei umas das sobrancelhas mas afirmei com a cabeça me dirigindo até a minha sala, ele me seguia. Logo pensei que podia ser algum tipo de ensaio íntimo ou algo do tipo, várias pessoas me procuram pra isso, é como se ajudasse a elevar a autoestima. 

-Então senhorita, tenho uma proposta a lhe fazer.-Iniciou sentando-se a minha frente.

-Diga.

-Eu suspeito que alguns parentes meus estão roubando as mercadorias da minha loja, antes mesmo que chegue até mim. Mas eu não tenho como provar isso...-Deu uma pausa e suspirou.-É triste ser roubado pela própria família, ainda mais na minha idade, mas eu não posso sair acusando ninguém sem ter provas, não gostaria de envolver a polícia logo de cara e acabar gerando um tumulto que pode ser até desnecessário.-Concluiu. 

-Olha senhor, realmente esse não é o meu trabalho, não teria alguém que possa lhe fazer esse favor?-Sugeri. Não entendia o fato dele precisar de um profissional para algo tão simples.

-Minha filha, eu preciso de câmeras boas, alguém que saiba realmente tirar fotografias, para que fique claro a mercadoria, e quem está pegando elas.

-Entendo...-Falei encarando os pés enquanto pensava em uma resposta.

-Olha, eu vou lhe pagar 8 mil euros pelo seu serviço, até porque é muito pouco perto do prejuízo que estou tendo, e resolver essa questão é a minha prioridade no momento.-O olhei. Era um valor um tanto quanto alto para algo simples. Decidi que aceitaria o serviço, já que estou guardando dinheiro a um tempo e esse extra vai ajudar muito.

-Aceito sua proposta.

-Então, eles chegam com o carregamento ás 23:00 de hoje, no cais. Eu preciso que as fotos fiquem bem nítidas sobre as mercadorias e as pessoas que estão lidando com elas.

              Ele foi dizendo todas as orientações e eu fui anotando num bloquinho. Ele realmente está empenhado em descobrir quem dá sua família está agindo de má fé com ele, e eu vou ajudá-lo, até porque a quantia que ele me oferecera é tentadora. Hoje a noite logo após jantar com meu irmão e Sara, já irei até o cais, esperar com antecedência o carregamento das mercadorias chegar. 

 ...


 -Você tem certeza disso Martina? 8 mil euros é muita coisa!-Disse Pietro puxando a cadeira para que Sara sentasse a mesa.

-Sim Pietro, ele passou na loja hoje cedo. Tem motivos pra ele oferecer essa quantia, ele está perdendo muito mais por não saber quem anda o roubando.-Falei me sentando em seguida.               

 -As autoridades estão aí pra isso né Tina.-Disse e logo se sentou olhando o cardápio.

-Exatamente, ele acredita que seja a própria família dele, por isso não quer envolver a polícia.

-Mesmo assim Tina, e se não for? E se forem bandidos?-Revirei os olhos.

-Pietro, a grana é alta, e outra coisa, Mateo vai comigo, vai ficar tudo bem.-Ele me lançou um olhar de julgamento, mas decidiu ficar em silêncio.


            Passamos o jantar inteiro apenas conversando sobre uma possível mudança de Sara para nossa casa, eu disse que não me importaria, afinal a casa é bem espaçosa e não haveria problema algum, além de ter mais uma pessoa pra ajudar nas tarefas de casa, já que eu e Pietro mal temos tempo de dar conta. Liguei para Mateo pedindo para que ele me esperasse no estúdio, já eram 22:15 da noite, e por sorte, o cais não fica tão longe daqui.


-Você não está com medo Tina?-Perguntou Mateo enquanto caminhávamos em direção ao cais pelas ruas estreitas daqui. 

-É óbvio que não, vamos pegar uma boa posição, onde não vamos ficar aparente, tiramos as fotos e vamos pra casa, simples.

-Se você diz...


          Chegamos. Fiquei em uma distância bem segura, já que o zoom da minha câmera é magnifico, Mateo ao meu lado chegava a estar tremulo.


-Fica calmo Mateo, pelo amor de Deus.


           Logo surgiu uma embarcação, não era um barco convencional, mas era bem grande. Desceram dois homens, enquanto outros três iam em direção ao barco pelo cais de madeira. Comecei uma sequência frenética de fotos a partir dai, dava pra ver nitidamente seus rostos descobertos. Eram homens bem altos e bem vestidos, bonitos eu diria, não me aparentavam serem bandidos, ou esteticamente falando, criamos uma visão na cabeça de que na beleza há bondade, o que nem sempre está certo.

            Logo os homens no barco começaram a descer caixas de madeira um pouco maiores que uma caixa de sapatos convencionais, pareciam pesadas pela força que fazia para carrega-las. Tinha um simbolo nelas, provavelmente o logo da loja do senhor, tirei várias fotos onde aparecia o mesmo. Logo após uma caminhonete parou próximo aos homens que começaram a colocar as caixas nela, consegui fotografar a placa, o motorista. Um dos homens conversava ao telefone, parecia estar bravo, que até mesmo da distância que estamos, podíamos ouvi-lo. Quando a caminhonete arrancou, esperei uns minutos até voltar ao estúdio.

            Chegando de volta ao estúdio, passei todos os arquivos da câmera para o notbook, fazendo uma cópia para o pendrive para entregar ao senhor no dia seguinte. Logo Mateo e eu fomos para casa caminhando, enquanto ele falava no celular com o rapaz que havia o convidado para jantar. 


...


            Eram por volta das 16:00 quando aquele senhor retornou ao estúdio com um envelope pardo em mãos.


-Boa tarde senhorita Rizzo, conseguiu as fotografias?-Entrou sorridente, mas parecia meio nervoso, talvez com medo de que eu havia falhado. Levantei retribuindo o sorriso.

-Boa tarde, está tudo aqui, exatamente como o senhor pediu.-Falei estendendo a mão com o pendrive.

-Ótimo!-Exclamou o pegando, em seguida me entregando o envelope.-Está tudo aí, se quiser conferir.

-Capaz, muito obrigada! Tenha uma boa tarde.

-Igualmente.-Disse e saiu fechando a porta.  


            Dei mil euros para o Mateo por ter me acompanhado ontem a noite, ele ficou saltitante de felicidade e pediu pra mim libera-lo, para que fosse comprar algo legal para vestir hoje a noite, no seu encontro. Passei a tarde editando algumas fotos pendentes e organizando as pastas dos arquivos no notbook, agendando alguns trabalhos para a próxima semana, já que hoje é sábado e amanhã não abriremos. Decidi fechar o estúdio mais cedo e comprar um café no caminho de casa, está bem frio nos últimos dias por aqui, mesmo isso sendo habitual. 

             Quando cheguei em casa Pietro e Sara estavam no sofá, cobertos com uma manta vendo algo na tv, fui para o meu quarto, troquei de roupa e decidi cozinhar algo hoje. 

             Enquanto preparava o jantar, vários pensamentos invadiam a minha cabeça, crises existencias eu diria, pensando no porquê de muitas coisas e criando diálogos inexistentes na minha cabeça. Acho que Pietro tem razão, preciso começar a sair mais. Olhei meu celular, haviam algumas mensagens não lidas a semanas, principalmente do meu último namoro mal sucedido, com um rapaz chamado Marco 3 anos mais novo que eu, totalmente sem personalidade ou ambições, duraram incríveis 4 meses e me arrependo até hoje te ter me envolvido por livre e espontânea pressão do meu irmão.  


...


             Após preparar o jantar, decidi tomar um banho, estava ouvindo músicas pelo celular como faço de costume quando recebi uma ligação, era Mateo.


-Tina, você vai achar que eu estou louco.-Disse logo após eu atender.

-Provavelmente, mas diga.

-Olha só, Nico e eu estavamos indo pra minha casa, e parecia que tinha alguém nos seguindo.-Disse e suspirou.

-Olha Mateo, acho que você com certeza está louco mesmo.-Falei rindo.

-É sério Martina, tanto que não deixei o Nico voltar pra casa sozinho, e pedi que ele passasse a noite aqui. 

-Não perde tempo né Mateo?-Rimos, mas logo ele cessou.

-Estou realmente falando sério, eu juro que não foi impressão minha. 

-Mateo, aproveite seu futuro namorado, e boa noite.-Desliguei sem esperar resposta.   


          Mateo é uma pessoa maravilhosa, mas extremamente influenciável e ingênuo, não me admira que tenha ficado impressionado pelo trabalho de ontem e fique imaginando coisas, ontem mesmo ele estava muito nervoso criando várias teorias malucas na cabeça.


...


          Acordei por volta das 9:00 com Pietro entrando no quarto empolgado me convidando para ir até a Piazza delle Erbe que é basicamente um ponto turístico da cidade, uma fonte com vários comércios e barraquinhas com comidas típicas daqui, como eu já mencionei, nada de novo pra mim. Eu gostaria muito de conhecer lugares com praias belíssimas e quentes, lugares tropicais, com vistas calorosas e bebidas refrescantes, mas por enquanto, Verona é o que temos. 

            Eu me sinto meio desconfortável em sair com Pietro e Sara, é como se eu estivesse atrapalhando eles, porque no fundo eu sei que esses são passeios que eles fariam sozinhos, passeios de casal, se Pietro não tivesse a incansável missão de me tirar de casa a todo o custo. Levei a câmera e tirei algumas fotos deles, que ficaram bem bonitas por sinal, depois paramos em um dos comércios para almoçar. 


-Eu juro pra vocês que essa é a melhor comida que eu já comi.-Disse Sara enquanto terminava o prato que Pietro havia escolhido.

-Garanto que é porque ainda não provou o meu, minha linda.-Disse dando um selinho nela.


              Definitivamente eu não sinto falta de nada disso, eu não entendo o fato das pessoas precisarem de outra para serem felizes, para compartilhar momentos. Já me envolvi com tantas pessoas e nunca senti o desejo de "vou compartilhar a minha vida com essa pessoa e acordar ao lado dela todos os dias", talvez eu nunca tenha amado nenhum deles, ou talvez eu apenas não seja o tipo de pessoa que nasceu para casar e ter um relacionamento longo e duradouro. Pietro pelo contrário, sempre sonhou em ter uma esposa, uma casa cheia de filhos e noites com jogos e comidas gostosas como nosso pai fazia quando éramos crianças.  

              Meu pai faz muita falta. Eu não posso dizer que sinto falta da minha mãe, ela faleceu quando eu nasci, e eu me culpei anos e anos por conta disso, não tenho nenhuma memória com ela, ou lembrança, já o meu pai, ele foi um homem tão esforçado tentando exercer dois papéis ao mesmo tempo, tentando ao máximo preencher o espaço vazio que há em uma família sem mãe. Infelizmente muitas coisas foram difíceis sem ela, e apenas hoje eu consigo lidar com isso de forma tranquila. Nosso pai nos deixou muito bem quando partiu, graças a ele temos uma casa, e graças aos incentivos dele eu segui a minha profissão, lembro até hoje quando eu tinha 13 anos e ele me levava até a Torre dei Lamberti, que tem uma vista linda da cidade inteira, e dizia que um dia ele penduraria um quadro com uma fotografia minha em sua parede daquela vista, nunca aconteceu. 


              Chegamos em casa já era noite, sentamos na sala e abrimos um vinho para conversar.


-Eu não quero atrapalhar vocês, de verdade.-Disse Sara após Pietro perguntar quando ela pretende se mudar, ele olhou pra mim como quem diz "Fala alguma coisa".

-Sara, eu já falei milhares de vezes pra você, não vai atrapalhar de forma alguma, vai ser ótimo pra todos nos.-Falei. Talvez assim diminua um pouco esse sentimento que ela tem de que vai nos atrapalhar de alguma forma, eu sinceramente não ligo, se vai fazer meu irmão feliz, é o que importa. 

-Viu amor, eu te disse, a Tina não vai se sentir incomodada com você aqui.-Disse Pietro a dando um beijo no topo da testa.

-Eu sei amor... Mas Martina, como fica quando você quiser trazer alguém pra cá? Não vai atrapalhar sua privacidade ou algo assim?-Indagou.

-Amor, vai por mim, a cama da Martina só vê ela dormir a muito tempo.-Rimos.

-É verdade Sara, não se preocupe com isso. 


...


              Entre alguns goles de vinho e muitas risadas acabei adormecendo no sofá e só acordei com a luz do sol no meu rosto. Já estava atrasada, mas nas segundas Mateo quem abre o estúdio. 

               Após tomar um banho, me maquiei e vesti uma roupa mais formal, prefiro esse estilo para trabalhar, mesmo que eu seja minha própria chefe. Fui andando até lá, e de longe avistei que o estúdio ainda estava com as persianas da minha sala e da sala de recepção fechadas, estranhei pois a essas horas Mateo já teria as aberto.

               Me aproximei, e vi que a porta permanecia trancada. Abri o estúdio, chamei por Mateo algumas vezes, mas sem resposta, aposto que a noite de sábado foi tão boa que emendou com a de domingo. Iniciei os atendimentos do dia, e já tinha passado da hora do almoço quando decidi ligar para o Mateo, porém, só caia na caixa postal. 

                Após almoçar resolvi ir até a casa dele que fica a poucos minutos daqui, ele não é de não atender o celular e eu já teria ligado pra ele pelo menos dez vezes hoje. 


-Mateo? Mateo? Você está ai?-Perguntei batendo várias vezes em sua porta. Até que sua vizinha surgiu colocando a cabeça para fora da janela.

-Oi menina, parece que não tem ninguém por aí, não escutei o som da tv alta de todas as noites.

-Ok, obrigada! Tenha um bom dia!-Eu já ia saindo quando forcei um pouco a maçaneta da porta e ela se abriu. Ele jamais deixaria a porta destrancada da forma que é cauteloso. Adentrei sua casa, estava perfeitamente arrumada e limpa. Subi as escadas para chegar em seu quarto, a cama estava desarrumada, algumas coisas no chão, e um jarro de flores que ficava ao lado da cama estava quebrado, imediatamente liguei para a polícia, algo tinha acontecido com Mateo.


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Comentários

  1. MEU DEUS, OQUE ACONTECEU COM O MATEO? LOGO QUANDO ELE ENCONTROU O AMOR DELE, FOI SEQUESTRADO PELAS PESSOAS DO CAIS? OQUE ACONTECEU? FAÇA LOGO A CONTINUAÇÃOOOOOOOOOOOOOOOO!

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  2. Continuação mulher 🥺 oq ouve com mateo

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