La Mafia: Capítulo 2- Rizzo? Martina Rizzo?

 Subi as escadas para chegar em seu quarto, a cama estava desarrumada, algumas coisas no chão, e um jarro de flores que ficava ao lado da cama estava quebrado, imediatamente liguei para a polícia, algo tinha acontecido com Mateo.




              Passei algumas horas na delegacia relatando o que eu sabia sobre o Mateo. Eles fizeram várias perguntas, mas acabaram me dizendo que ainda não podem registrar como desaparecimento, e que eu teria que voltar lá após 48 horas, que talvez Mateo só tenha ido pra cada do Nico sem ter avisado ninguém. Perguntaram a respeito de Nico, mas eu não sei quase nada sobre ele. 

                Voltei pra casa e contei o que tinha acontecido para o Pietro.


-Ninguém desaparece assim do nada Martina, ainda mais o Mateo que é basicamente a sua sombra.-Disse Pietro enquanto ajudava Sara a preparar o jantar.

-Eu sei Pietro, foi o que eu disse aos policiais, eles não levaram a sério nada do que eu informei, que Mateo nunca faz isso.-Falei sentando-me.

-E esse Nico? O cara é de confiança? Como que o Mateo leva um cara que ele acabou de conhecer pra dentro de casa?

-Eu não sei, sinceramente eu mal prestava atenção quando Mateo começava a falar sobre ele. 


          Eu estava tentando manter a calma, e não entrar em pânico, mesmo sabendo que Mateo não é de fazer esse tipo de coisa, talvez tenha agido na emoção e não tenha se preocupado em avisar ninguém. Os policiais encontraram o celular dele no balcão da cozinha, não havia ligações nem nada de alarmante. Espero que ele dê notícias em breve.


-Olha só Tina, vai espairecer a cabeça, dar uma volta ou algo assim, não fica aí imaginando coisas que só vai te fazer mal.-Disse Pietro enquanto eu olhava algumas mensagens no celular, era o Marco.

-Você tem razão, eu vou dar uma volta, Marco está insistindo pra falar comigo pessoalmente. 

-Se cuida, me avisa se dormir fora.-Disse rindo e eu dei um leve tapa em seu ombro.

-É óbvio que não.


          Fui andando até o restaurante que Marco havia me dito, de longe o avistei sentado em uma mesa no fundo do restaurante, admirando o cardápio. Dei uma suspirada profunda e fui até ele.


-Martina, que bom que você veio, eu... Eu achei que não viria.-Disse sorridente, se levantou no intuito de me abraçar, mas pela minha reação desistiu. Ele puxou a cadeira para que eu sentasse.

-Vai me dizer o que você quer?-Indaguei. 

-Calma, vamos jantar primeiro. Relaxa, não vou importunar você.-Como se não fizesse isso a mais de um ano, não é mesmo?


                  Fiquei em silêncio durante o jantar, apenas concordava com a cabeça ou soltava um "uhum" enquanto ele me atualizava sobre a sua vida e só falava sobre si, nada interessante. 


-E você Tina? O que anda fazendo?-Perguntou e logo bebeu um gole de vinho. Ele nunca gostou de vinho.

-Nada demais, só trabalhando muito.

-Ainda pretende viajar? Para onde gostaria de ir? Podemos marcar uma viagem.-Perguntou, mas eu já estava saturada até mesmo de ouvir a voz dele, e como ele contava coisas que possivelmente nem eram verdades, visto que parecia estar interpretando um personagem para me agradar. 

-Olha só Marco, agradeço pelo jantar, mas estou indo embora, e por favor, para de me mandar mensagem.-Falei me levantando e ele levantou logo em seguida.

-Eu fiz alguma coisa? Foi algo que eu disse? Martina, volta aqui.-Dei as costas e ele ficou lá parado sem entender nada. 


          Eu não tenho paciência nem pra conversar mais com ninguém além do Pietro e do Mateo, até a Sara as vezes me irrita um pouco, mas eu relevo, quem dirá com o Marco. Definitivamente foi um erro ter aceitado jantar com ele, e mais uma vez, eu fiz para agradar o meu irmão. O irmão de Marco era melhor amigo do Pietro na época da escola, acho que é por isso que ele insistiu tanto para que eu desse uma chance a ele (mesmo sem sentir absolutamente nada), ele dizia que Marco era de uma familia muito boa, era um rapaz muito legal, e que o nosso pai ficaria feliz de me ver com ele. Na realidade eu sei que o meu pai, iria achar o Marco tão babaca quanto eu acho.

          Enquanto caminhava eu tinha a leve impressão de que havia alguém me seguindo, quando eu olhava para trás, não havia ninguém. Até que dobrando a rua da minha casa eu pude ver que havia sim um homem atrás de mim, não dava para ver o seu rosto direito, ele abaixou a cabeça e apressou o passo passando por mim, fiquei parada esperando para entrar em casa quando o vi sumir subindo a ladeira.

            Cheguei em casa e ignorei as perguntas de Pietro perguntando como foi o jantar, tomei um banho e fiquei me virando na cama tentando dormir, não podia negar que a falta de notícias do Mateo estavam me deixando extremamente preocupada, e agora até eu mesma estou ficando louca com essa situação toda. Mas eu podia jurar que aquele homem me seguia...


...


          Eu não tinha cabeça para abrir o estúdio hoje, mas eu precisava entregar muitos trabalhos, tinha marcado com 3 modelos diferentes para fotografar a tarde, e tudo isso, sem o Mateo. A polícia me ligou informando que agora o meu boletim de ocorrência começou a valer, e que iniciariam de fato as investigações do desaparecimento de Mateo, já que agora podiam chamar assim. Eu estava tão preocupada, mas precisava focar no meu trabalho. 


          A primeira modelo chegou, era uma menina jovem, aparentava ter entre 15 e 18 anos, acompanhada pela mãe que insistia em dar opinião sobre o meu trabalho. Após a sessão de fotos dela, parei para tomar um café e meu celular tocou. Número desconhecido.


-Oi, é... Rizzo? Martina Rizzo?-Disse uma voz feminina assim que atendi.

-Sim, quem gostaria?

-Eu sou mãe do Mateo... Por favor me diga que ele está com você, me diga que esses policiais estão enganados.-Ela disse enquanto choramingava com a voz trêmula.

-Gostaria que estivessem enganados senhora, infelizmente é verdade, eu mesma fiz a denuncia do desaparecimento.-Nunca gostei muito dela, visto que ela abandonou o Mateo quando ele tinha 2 anos para se casar com um rapaz mais novo que não o aceitava.

-Minha querida por favor, qualquer noticia me ligue, a qualquer hora, eu lhe suplico.


          Ela ficou alguns minutos dizendo algumas coisas a respeito do Mateo, disse ter medo do que pode ter acontecido com ele, e até mesmo que isso só aconteceu, porque Mateo é homossexual, é incrível como pessoas ridículas, são sempre ridículas. 

        Passei a tarde inteira fotografando, precisava entregar todo o material da primeira menina amanhã a tarde, então mandei uma mensagem para Pietro avisando que eu chegaria mais tarde hoje. As edições demoram um certo tempo, preciso analizar cada foto com cuidado, dar ajustes leves e selecionar as melhores. Pedi comida em um restaurante aqui pertinho, logo o entregador me trouxe, enquanto me alimentava, fazia as edições.


...


          Quando me dei por conta eram quase 00:00, olhei as mensagens no celular, Pietro havia pedido para mim avisá-lo quando terminasse os trabalhos que ele me buscava, por conta do horário preferi não acorda-lo. Arrumei o estúdio colocando cada coisa em seu lugar, deixei os pendrives com as fotos prontas sob a mesa para serem entregues amanhã, e saí trancando o estúdio.

          Andei um pouco mais apressada pois não havia ninguém nas ruas não comerciais, já estava próximo a minha casa quando senti alguém tapando minha boca e me puxando fortemente pra trás, tentei me soltar mas logo senti meus olhos pesarem e ficou tudo escuro. 

         Tentei abrir meus olhos, mas eles ainda insistiam em se fechar. Estava tudo muito turvo, eu sentia minha cabeça latejar, assim que consegui abrir os olhos me deparei com um teto de concreto, eu ouvia vozes mas ainda estava tudo bagunçado na minha cabeça.


-Martina...-Disse uma voz masculina, com tom bem fraco. Tentei me levantar mas estava tudo girando. O chão estava úmido e frio, igualmente de concreto, como as paredes. Consegui levantar me apoiando na parede, mas minha visão continuava embaçada. 

          Quando finalmente consegui enxergar, preferia não ter enxergado, avistei Mateo, jogado no canto daquela sala, com a mão sob o abdômen, extremamente machucado. Tentei caminhar até ele mas minhas pernas não respondiam como deveria.


-Mateo?-Me aproximei dele me agachando a sua frente, levei a mão até minha cabeça pela forte dor que senti, logo após soltar um gemido de dor.

-Tina...-Ele tentou sorrir. Minha mente ainda não processava o que tinha acontecido.

-O que aconteceu com você? Quem fez isso? Sabe onde estamos?

-Se acalme menina, são muitas perguntas para o pobre rapaz.-Disse uma voz calma e doce, parecia ser de uma senhora, olhei para trás buscando a dona da voz, que se aproximava de mim.

-NÃO CHEGA PERTO!-Gritei. Ela parou.

-Fique calma menina, eu não irei machucar ninguém, estou na mesma situação que vocês.-Ela disse com um semblante calmo. Tinha cabelos grisalhos prendidos em um rabo de cavalo baixo, estava com um casaco de tricô cinza, sujo e manchado de sangue. Havia um corte em seu lábio inferior.

-Ela... Ela é de confiança Tina.-Disse Mateo entre urros de dor. Me sentei ao seu lado.

-Sei que tem muitas perguntas, mas vamos com calma menina, seu amigo acabou de levar uma boa surra.-Disse a senhora enquanto se sentava sobre um colchão sem lençol no chão. 

-Quem fez isso com você?-Perguntei acariciando a mão de Mateo, ele parecia assustado, fraco e muito debilitado. 

-Eu não sei Tina... Quando você chegou, Nico tentou te acordar algumas vezes, mas você não reagia, até pensei que podia estar morta.

-Nico? O Nico está aqui também?-Perguntei o olhando. Ele começou a chorar.

-Eles mataram ele ontem, bem aqui... Na minha frente. DERAM 3 TIROS NA CABEÇA DELE TINA! VOCÊ TEM NOÇÃO DISSO?-Gritou, várias lágrimas rolavam sobre seu rosto.

-Mataram? Como assim Mateo? Ontem? A quanto tempo estou aqui?

-Há três dias.-Respondeu a senhora. Olhei incrédula. Como eu tinha ficado três dias desacordada? Pra mim era como se tivessem se passado minutos.-Eles mataram o namorado do seu amigo ontem, porque ele deu um soco na boca de um deles, Mateo apanhou apenas por ter chorado.-Disse a senhora. Imediatamente abracei Mateo. 


          Eu ainda buscava na minha mente razões para estar aqui, para Mateo estar aqui. O local era apenas uma sala grande de concreto sem janelas, com uma porta de ferro sem fechadura para o lado de dentro, não havia nenhuma janela ou algo que nos ligasse ao mundo externo, observando melhor vi que tinham alguns colchões, havia duas pessoas deitadas em um deles.


-Quem são?-Perguntei apontando com a cabeça para o colchão.

-Sofia e Alicia, chegaram uns dias depois de mim.-Respondeu a senhora. 

-Qual o seu nome?-Indaguei.

-Elisa.

-Elisa, a senhora sabe quem fez isso? Quem nos colocou aqui?-Ela suspirou se deitando no colchão e admirando o teto.

-Eu sei minha querida, trabalhei como doméstica pra eles minha vida inteira, mas se eu falasse estaria te matando. 


          Mateo repousou a cabeça no meu colo, enquanto eu acariciava seus cabelos, ele ainda chorava baixinho. Eu já havia tentado pensar em mil possibilidades pra sair daqui, em vão, parece impossível. É horrível você se sentir incapaz, aprisionado como se fosse um animal enjaulado. O som da porta de ferro abrindo, fez com que todos despertassem. Um homem bem alto e forte aparecera na porta, com algumas embalagens em mãos, e uma pistola na cintura. Atrás dele haviam mais dois. Ele apenas entregou uma embalagem para cada um e colocou 3 garrafas de água perto da porta, e sem dizer ao menos uma palavra, saiu batendo a porta e a trancando logo em seguida, era possível ouvir o barulho de várias trancas e correntes.

-Achei que iria tentar correr como todos fazem de primeira.-Disse a senhora e riu.

-Nós temos que ser lógicos e racionais numa situação dessas, se eu tentasse qualquer coisa apenas resultaria em um olho roxo.-Falei. As outras meninas começaram a comer, ajudei Mateo a levantar e se sentar no colchão, não haviam talheres, abri a embalagem e devagar Mateo começou a comer. Fiquei observando a comida por uns instantes com receio de comer.

-Pode comer, se eles quisessem te matar, já teriam feito isso.-Disse uma das meninas. Ela tinha seios siliconados muito expostos, maquiagem exagerada e extremamente borrada, cabelo preto e bem bagunçado.-Sou a Alicia, você é a...?

-Martina.-Respondi e comecei a comer. 

...


          Acabei adormecendo junto com Mateo, eu estava extremamente preocupada com ele, ele estava fraco e não apresentava melhora alguma.


-Elisa, precisamos fazer alguma coisa, ele não está nada bem.-Falei me agaichando perto dela. 

-Eles não disponibilizam nada além de comida e àgua Martina, não podemos fazer nada para ajuda-lo.-Ela disse enquanto o olhava.

-Eu preciso fazer algo, ele vai morrer se continuar assim.-Me levantei andando de um lado pro outro, buscando alguma idéia racional na minha cabeça que não fizesse a situação piorar, nada.


          Mateo se sentou com dificuldade, com as costas apoiadas na parede e me olhou. O olhar dele estava de uma forma a qual eu nunca vi antes, eu estava perdendo o meu único e melhor amigo, e eu nem entendia o porquê.


-Não se preocupe comigo Senhorita Rizzo.-Falou e deu um sorriso.

-Rizzo?-A senhora levantou e me olhou assustada.

-Sim.-A olhei com uma expressão confusa.-A senhora me conhece?

-Não...-Falou com um olhar distante. Era como se meu sobrenome a lembrasse de algo. 

-Olha só Elisa, se você quer sair daqui, acho melhor começar a falar o que sabe, porque tá na cara que de nós todos aqui, você é a única que sabe de alguma coisa.-Falei a encuralando na parede, não queria assustá-la, mais era necessário.

-Eu lhe disse, qualquer coisa que eu te contar, vai te matar.

-E nós não vamos morrer de qualquer forma? O que querem conosco? E por que nos manter aqui?-Perguntei.

-Olha Martina, se acalme.-Disse Sofia se aproximando de mim. Ela era uma menina nova, aparentava ter no máximo 16 anos, extremamente branca e magra, com olhos azuis claros e cabelos loiros na altura dos ombros.

-Tem como ficar calma? Ela sabe de alguma coisa e não quer nos falar.-Falei me encostando na porta de ferro, e escorrendo nela até meu corpo tocar o chão, com as mãos sob a cabeça.

-Na verdade Martina, acho que a Elisa esperava que você soubesse mais do que nós.-Ela disse e eu a olhei sem entender.

-Por que eu saberia algo? Eu nem conheço essas pessoas.-Elas se entre olharam e ficaram em silêncio.


           Mateo começou a tossir e cuspir sangue, fui até ele que mesmo nessa situação, ainda sorria para mim.


-Mateo, eu vou tentar ajudar você, me diga o que eu posso fazer.-Eu já estava apavorada. Pela primeira vez na minha vida eu me via em uma situação que eu estava incapaz e perdida.

-Minha cabeça e minha barriga doem muito.-Ele levantou um pouco o sueter azul marinho que usava, revelando diversos machucados em sua barriga, estava com muitos hematomas. 


          Eu não sabia o que fazer. Eu só sabia que precisava fazer algo o mais rápido possível, se por fora seus machucados estão assim, eu nem quero pensar em como está o corpo de Mateo por dentro.


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